Com o objetivo de diminuir a desnutrição e garantir maior segurança alimentar através do aumento dos teores de ferro, zinco e vitamina A na dieta da população mais carente, o projeto BioFORT, coordenado pela Embrapa, consiste em um processo de cruzamento de plantas da mesma espécie, gerando cultivares mais nutritivas.
A deficiência de micronutrientes como ferro e zinco e de vitamina A constituem sérios problemas de saúde pública nos países em desenvolvimento. Dietas com escassez de ferro e zinco podem ocasionar anemia, redução da capacidade de trabalho, problemas no sistema imunológico, retardo no desenvolvimento e até a morte. A anemia ferropriva é, provavelmente, o mais importante problema nutricional no Brasil. As fontes mais importantes de ferro para a população brasileira são feijão e carnes vermelhas. Embora a deficiência de zinco não seja tão estudada como a de ferro, considerando-se que os alimentos fonte destes dois nutrientes são os mesmos (sabe-se que fontes ricas em ferro biodisponível também são ricas em zinco biodisponível), é de se esperar uma alta incidência também para esta deficiência. A vitamina A é um micronutriente essencial para o bom funcionamento da visão e do sistema imunológico do organismo humano, sendo que sua deficiência tem provocado a cegueira em milhares de crianças no mundo. Depois das crianças, as mães, as lactantes e os idosos são as principais vítimas da desnutrição.
A estratégia atual para combater a desnutrição nos países em desenvolvimento tem como enfoque o fornecimento de suplementos vitamínicos e minerais para mulheres grávidas e crianças, além da fortificação de alimentos. Entretanto, a biofortificação faz sentido como parte de um enfoque que considere um sistema alimentar integrado para reduzir a desnutrição. A biofortificação ataca a raiz do problema da desnutrição, tem como alvo a população mais necessitada, utiliza mecanismos de distribuição já existentes, é cientificamente viável e efetiva em termos de custos, além de complementar outras intervenções em andamento para o controle da deficiência de micronutrientes. É, em suma, um primeiro passo essencial que possibilitará que famílias carentes melhorem de uma maneira sustentável, sua nutrição e saúde.
Para atingir os resultados esperados, o BioFORT congrega mais de 150 pessoas em diferentes áreas do conhecimento e em 11 Estados brasileiros e tem apoio dos programas HarvestPlus e AgroSalud.